Criado em 1973, pelo Ministério da Saúde, o Programa Nacional de Imunização (PNI) é das políticas de estado mais eficientes da história do Brasil. Com a ajuda dele, que se transformou em um dos braços da ação integrada do Sistema Único de Saúde (SUS) a partir da década de 1990, o País erradicou doenças, controlou epidemias e surtos, reduziu a mortalidade infantil, feitos que, afinal, transformaram as condições de existência do povo brasileiro.
Com 18 anos de experiência no setor de imunização de Itabuna, no sul da Bahia, a enfermeira Camila Brito, coordenadora da Rede de Frio do município, afirma que o PNI foi alvo de ataques sistemáticos do Governo Bolsonaro. “[Foram] quatro anos de desconstrução de um programa que tem mais de 50 anos de credibilidade. Acabou! Destruiu, literalmente. Foi pesado”, disse a servidora ao PIMENTA nesta sexta-feira (14).
Mestre em Saúde Coletiva e professora da Faculdade Santo Agostinho, Camila observa que os efeitos da desinformação sobre as vacinas contra a covid-19 fragilizaram a confiança de parte significativa da população na eficácia e na segurança de todos os imunizantes. Isso, segundo ela, se reflete na baixa procura da vacina Qdengua, que reduz em até 85% o risco de internação por formas graves da dengue.
Itabuna recebeu 4.800 doses da vacina em fevereiro. Dessas, aplicou cerca de 2.200, estima Camila. O prazo de validade do imunizante vence no próximo dia 30. Com as festas juninas, a procura deve cair na reta final do mês, prevê a gestora. Ao PIMENTA, a coordenadora de Imunização de Ilhéus, Walkiria Cardeal, descreveu cenário parecido no município vizinho, que recebeu 4.479 doses do mesmo lote e ainda tem 1.277.
AMPLIAÇÃO DA FAIXA ETÁRIA
Para aproveitar as doses prestes a vencer, a solução seria ampliar o público-alvo, hoje restrito a crianças e adolescentes de 10 a 14 anos. A medida foi recomendada, pelo Ministério da Saúde, para o aproveitamento dos lotes que venceram em abril, quando o imunizante foi aplicado em pessoas de 6 a 59 anos.